
Angústia é um trabalho iniciado em 2008, quando eu tinha 21 anos. Naquela época, eu não compreendia a origem do sentimento que me tomava nem o que me levava a esse lugar de inquietação. Ainda assim, a fotografia tornou-se uma forma de expressão para algo que eu não conseguia verbalizar. Mesmo sem entender exatamente o que era, eu fotografava.
Em 2019, quando consegui encerrar um relacionamento abusivo que durou 16 anos, finalmente compreendi que Angústia sempre foi sobre as experiências e os sentimentos vividos durante e após essa relação. Minhas emoções foram reprimidas, meus sonhos e desejos invalidados de forma cruel. Fui levada a questionar minhas convicções, minha sanidade e meus próprios sentimentos. Essa confusão me reduziu: intelectualmente, profissionalmente, fisicamente. Sem perspectivas ou sonhos, parei de fotografar.
Minha luz foi apagada.

Nesse período de escuridão, a chegada do meu filho, em 2016, trouxe um novo propósito. Ele foi a razão pela qual reuni forças para sair daquela situação. Após a separação, em 2019, retomei Angústia.
Ainda havia (e há) muito a entender e expressar. No início, em 2008, minha amiga Suellen Santos, tatuadora, foi modelo. Na retomada e usando a fotografia analógica, contei com minha amiga Mauriceia Rocha, atriz, como modelo.
Durante a pandemia, comecei a incluir autorretratos no projeto, explorando minhas vivências de forma mais íntima.

Hoje consigo compreender melhor o papel que "Angústia" desempenhou e ainda desempenha em minha vida.
Mesmo sem entender na época, cada imagem criada era um grito de socorro e, ao mesmo tempo, um processo de cura.






A fotografia me ajudou a externalizar dores que eu não sabia como nomear. Agora, acolho com carinho a artista que fui aos 21 anos e celebro a mulher e artista que sou hoje.
Angústia é um testemunho da minha jornada.



